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Revista ERREPÊ 360°

O MANUAL DO CAOS O ERREPÊ EM MEIO A UMA CRISE Uma organização não pode controlar tudo que acontece com ela, mas pode controlar a forma como reage, é tudo uma questão de percepção e isso é gestão de crise De acordo com a professora e autora Künsch (Planejamento de Relações Públicas na Comunicação Integrada. Summus, 2011), em uma estratégia de gestão de crise cabe ao profi ssional de Relações Públicas coletar todo o tipo de informação sobre o ocorrido e organizar o contato com as diversas mídias e públicos. Enquanto Fortes (Relações públicas: processo, funções, tecnologia e estratégias. Summus, 2003) acredita que o planejamento de crises impede que a atuação do profi ssional seja improvisada para cada tipo de fi nal desejado em diversos tipos de crise. De acordo com a RP Juliana Giancolli, com o desenvolvimento tecnológico, as informações podem alcançar um número muito grande de pessoas, e com elas, diversas críticas lançadas por diferentes redes de infl uências. Deste modo, é necessário que as organizações estejam com as equipes de comunicação, jurídica e administrativa igualmente preparadas, em busca de reais ações para restabelecer a imagem da organização. Cada dia, para um RP, é um dia em que tudo pode acontecer. Porém, existem as probabilidades distintas; assim, cada tipo de organização tem diversos planos para as diferentes situações de crise que possam vir a acontecer. Por exemplo, no Brasil é obrigatório pela Agência Nacional de Aviação Civi (Anac) que as companhias aéreas tenham planos de ação para várias situações, desde quedas de avião a pequenos problemas durante voos. Para todos os problemas imagináveis e inimagináveis, são criadas ações de pronto atendimento. Nesse sentido, o profi ssional de RP compactua com a idéia de que as organizações devem manter fl uxogramas, em que são defi nidas as responsabilidades de cada indivíduo para a execução das funções necessárias de proteção da imagem da empresa. Funções baseadas em um manual planejado, e sempre renovado, de acordo com a missão, visão e valores que as diferentes organizações desejam passar para a sociedade. FOTO: VERÔNICA PÁDUA 22 | Reportagem Um gerenciamento de crise organizacional exige muito planejamento, cuidado e competência. A Samarco, referência de mineradora brasileira e primeira no mundo a receber o certificado do ISO 14001 de Gestão Ambiental, possui um plano de gestão de crises, plano que contém um capítulo inteiro sobre “rompimentos nas barragens”. Despreparada, negligenciada e não sendo capaz de cumprir seu plano de crise, o rompimento da barragem do Fundão resultou em 18 mortes, cerca de 1270 desabrigados, 11 mil toneladas de peixes mortos, 35 cidades atingidas e cerca de 55 milhões de litros de lama espalhados por dois mil hectares de vegetação destruída. Tornando-se o maior desastre ambiental já visto no Brasil, o caso Samarco se conduz a uma crise de difícil, porém possível, regimento. E não era de se esperar por menos... Um descuido, diversas consequências A mineradora Samarco está atuando desde 1977 no mercado, exportando grandes quantidades de pelotas de minério de ferro. Produzia mais de 30.5 toneladas por ano e empregava mais de 3.000 funcionários, foi premiada diversas vezes como melhor mineradora do Brasil, estava na lista de melhores empresas para se trabalhar e já recebeu diversos prêmios por seus projetos. Mas essa excelência praticamente caiu por terra após o desastre em Mariana. A pressão da mídia, o atraso na tomada de decisões, a falta de informações e o descuido inicial fizeram com que a Samarco virasse uma organização mal compreendida pela sociedade. No dia 5 de novembro de 2015, mais ou menos às 16 horas, a barragem de Fundão, localizada em Bento Rodrigues (subdistrito de Mariana-MG), se rompeu, libe- Escola Municipal de Bento Rodrigues destruida pela lama


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